quarta-feira, 6 de julho de 2011

"Faz de conta que a vida dela não era de faz de conta"

Ter nascido me estragou a saúde....

Mas não sou completa, não.
Completo lembra realizado.
Realizado é acabado. Acabado
é o que não se renova a cada
instante da vida e do mundo.
Eu vivo me completando.

Muitas vezes, nossa jaula somos
nós mesmos que vivemos polindo
as grades em vez de libertar-mos.

Engulo a loucura porque ela me alucina calmamente!

Viver não é uma arte. Mentiram os que
disseram isso. Ah sou realista demais:
Só ando com os meus fantasmas.

Minha compostura quebrada
como a de uma boneca partida.

Será que vou ter que
viver a vida á espera
de que o domingo passe?

Não se pode dar uma prova da existência
do que é mais verdadeiro, o jeito é
acreditar. Acreditar chorando.

Ela somente vive inspirando e expirando,
inspirando e expirando.

Mas ela já o amava tanto
que não sabia mais como
se livrar dele, estava em
desespero de amor.

Mas não quero falar da maldição
de domingo, quero falar na
maldição forçada de certas vidas.

Eu prefiro tudo entendeu?
Não quero perder nada, não quero
sequer a escolha.

Sou um drama permanente.
A cada minuto consulto o
meu coração e ajo em consequência.


O tédio faz parte da
obediência a uma vida
de sentimentos honestos.

Não me provoque, tenho arma escondida. Não me manipule, nasci para ser livre. Não me engane, posso não resistir.Não grite, tenho péssimo hábito de revidar. Não me magoe, meu coração já tem muitas mágoas. Não me deixe ir, posso não mais voltar. Não tente me contrariar, tenho palavras que machucam.Não me decepcione, nem sempre consigo perdoar. Não espere me perder, para sentir minha falta! [Clarice Lispector]