sábado, 24 de maio de 2014

Recordo
quando éramos
outro planeta

com ligeira intimidade.
fico tímida.
E olho
um brilho
sorriso fácil
contagia,
sinto como
nostalgia.
quando vejo
virei poesia.
nessa rotina
quase clichê
ainda sinto
ao te vê
borboletas.
sem receio
você disse
a intenção.
disse,
no ouvido
subiu
na nuca
desceu
no umbigo.
Um dia
sem sol
sua presença
é ausente
a diferença
e intensa.
Ela fica
e balbucia
poesia,
ociosa
ansiosa 
nessa angustia
maravilhosa
um desejo
por aquilo
que almejo.
Fiz um verso
num dia inverso,

primeira linha:
-fiquei sozinha.

sem contexto
sem palavras
entre beijos
entre linhas
nos lençois.


no papel 
ponho
o que há
na memória.

Inenarrável.

na memória
ponho
o que há
no papel.
Quero ver
de todo lado
quero tanto
que até pago.
dou corda
pondo lenha.
não piro
não deixo de pensar.
vou te ver
vou voltar.
quase prometo
que vou pensar
se pá,
deixar você
me roubar.

te pego
com desapego,
te amo
com jeito ameno

é sereno

viro sereia 
e me recordo,
do que não vivemos.
Eu paro de pensar
de repente 
eu penso em parar.

Quando paro 
para olhar
no que penso,

to parada

só olhando
você

lá dentro 

andando, 
nadando
no meu pensamento
do nada.
essa medida
de loucura.
Só não compreendo
a completa loucura.
Por isso
é sem medidas.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Trôpego,
frio
depois quente.
Silêncio,
olhos,
arrepios.
gestos tímidos
instintos despertos
tremedeira e euforia
súbito prazer,
acabou em poesia.

Soneto de devoção - Vinicius de Moraes

Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! — uma cadela
Talvez... — mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!
Entrega
pro tempo
que o vento
leva

terça-feira, 6 de maio de 2014

Sem lado
Sem luz,
cansaço
mormaço.

O devir
O dever,
vontade
de ir,
sem voltar
sem me preocupar
qual é esse lugar.


Onde
eu  me leve
e permaneça,
leve.
enquanto
não
voo,
grito.

enquanto
coração
pulsa,
piro.
vou e
volto
conspirando,
respirando.
esse amor
só destilando.